Hotéis onde brincar na horte é melhor do que no tablet


FONTE: O GLOBO
11/7/2013

RIO - Você quer trocar seu videogame ou tablet por um pé de alface? A pergunta, que faria muito sentido (ou não) em um programa de auditório, ilustra a proposta que algumas pousadas e hotéis da Região Serrana do Rio estão fazendo a seus hóspedes. As hortas estão sendo incluídas no programa de recreação de crianças, que acabam aprendendo a comer brincando. Em alguns lugares, adultos também são convidados a botar a mão na terra e ainda ganham, na hora do check out, uma cesta de hortaliças. Educadores e nutricionistas aprovam o novo cardápio turístico da Serra.
A fazendinha sempre foi uma das atrações do Solar Fazenda do Cedro, em Pedro do Rio, distrito de Petrópolis. Desde janeiro, a horta da pousada, que fornece verduras e legumes para a cozinha do hotel, também passou a ser frequentada pelos filhos dos hóspedes.
— Valorizamos o contato com a natureza. A criança acompanha a produção, da sementinha à chegada do alimento à mesa. Elas ficam encantadas, fazem cada pergunta... Querem saber por que a cenoura cresce embaixo da terra — conta Beatriz Barros, gerente do Solar. — Algumas pensam que o leite só existe na caixinha. ‘É uma proposta de vicência’
Localizada em uma zona rural, o Parador Lumiar é um dos pioneiras nesse tipo de atividade na horta. A do hotel é orgânica, e, segundo o proprietário Marcelo Fontes, é interessante observar a mudança de comportamento dos clientes, durante a estada:
— No primeiro dia alguns pais usam o tablet para distrair a criança durante a refeição. No dia seguinte já percebem que há uma proposta diferente, que estão num lugar onde é possível ter contato com uma realidade diferente.
Maria Clara, de 5 anos, e Pedro Henrique, de 3, descobriram o Solar Fazenda do Cedro no ano passado, com a mãe, Luísa Rangel. Na última estada, conheceram a horta:
— Meus filhos já são completamente ligados em tecnologia, mas chegam lá e só querem saber do campo, da brincadeira de roda. São atividades que ensinam a interagir. É uma proposta de vivência — conta Luísa, acrescentando que a experiência na horta melhora a alimentação dos pequenos. — Maria Clara sabe que a fruta do suco vem de uma árvore igual à que ela viu no campo.
Pensando no bem-estar dos adultos, a Pousada Tankamana também percebeu que sua horta poderia dar outros frutos, além dos legumes e hortaliças que abastecem a cozinha. Jane Assis, a proprietária, conta que tudo começou no ano passado, quando a pousada recebeu profissionais de empresas, que, além de reuniões de negócio, precisavam fazer atividades em grupo, a fim de desenvolver seu relacionamento.
— A horta é uma atividade boa para grupos pequenos, ensinamos a cultivar. Temos uma consultoria técnica para isso — conta Jane, que este ano passou a dar verduras e legumes para os clientes. — Quando o hóspede chega perguntamos o que ele gostaria de levar da horta. Na saída, entregamos tudo numa cesta. Muitos querem alface, rúcula, manjericão. Também fazem sucesso as flores comestíveis.
Para a nutricionista Vânia Barberan, quanto mais cedo despertar o interesse pela alimentação, melhor:
— Há pesquisas sérias sobre crianças que não sabem identificar banana, chuchu, batata in natura. É muito assustador, como se tudo já viesse embalado. O ideal seria ter educação alimentar nas escolas. A atividade em horta é importante, a pessoa vê os legumes que colheu. Além disso, a alimentação tem um valor afetivo, de cuidado, de se reunir para a refeição, que é algo que anda meio esquecido.
Especialista em educação, Andrea Ramal concorda que essa atividade é positiva para o comportamento de crianças:
— Falar de meio ambiente e sustentabilidade de forma teórica não sensibiliza tanto. Mexer na terra, plantar uma semente ou uma muda, saborear esses alimentos, sentir-se parte do processo de plantar e colher, tudo cria um envolvimento e um comprometimento com a natureza muito maior.

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