A gente acaba descobrindo que maior do que qualquer desgraça, é o coração do ser humano. Que um temporal pode destruir vidas, mas nunca a esperança. Que por pior que seja, é preciso continuar.
São José, assim como as demais localidades, aos poucos tenta ressurgir e não das cinzas, mas da lama. Quem tem a casa em pé, tenta recuperar um pouco da dignidade. E nós? Tentamos ajudar... Não é só bem material. É história de vida... Vamos de casa em casa para ver as necessidades das pessoas. O acesso as doações que vem de longe é difícil, desorganizada e muitas vezes sem sentido. Por isso, preferimos receber aqui, separar e ir de casa em casa. Não sei se é maneira correta. Só sei que quem realmente precisa, recebe.
Aliás, não estamos aqui para julgar nada. Nossa missão agora é apenas ajudar. E acabamos descobrindo que não é só ajuda de roupa, móveis ou alimento. É ajuda de reconstrução interior. As pessoas tem sede de contar sua história, de colocar pra fora algo sufocante, de ter palavras de incentivo. Para isso, é só ter paciência, coração aberto e um ombro amigo. As pessoas precisam de conforto.
Àqueles que estão nos ajudando, o nosso muito obrigado. O trabalho continua. É a longo prazo. É demorado e bem difícil. Daqui a pouco as pessoas esquecem. Nós não. Precisamos continuar. Só quem viu, visitou, talvez entenda do que estou falando.
"De tudo, ficaram três coisas:
A certeza de que estamos sempre a começar,
a certeza de que é preciso continuar,
a certeza de que seremos interrompidos antes de terminar…
Portanto, devemos: fazer da interrupção um caminho novo, da queda um passo de dança, do medo uma escada, do sonho uma ponte, da procura um encontro…"(Fernando Sabino)
A parte boa desta história toda é saber que temos amigos...
Nossa meta agora - roupa de cama, mesa e banho e colchões.